Uma incursão e um tributo ao azeite de Portugal

portuguese DOPEste post na verdade não é um tema de saboaria e sim um tributo caloroso que faço ao azeite de Portugal e a sua gente!
De uma análise técnica de saboaria, se converteu em algo mais amplo e importante que são os méritos e os benefícios do azeite para a saúde e bem estar das pessoas.

Sempre me incomodou algumas incertezas que advém qdo se fala do sabão 100% de azeite, o sabão historicamente chamado de sabão de castela, ou castilla ou castile. Esse sabão de Castilla dos reinados da Espanha, foi levado ao reino de Castilla pelos mouros lá pelo século XIII que por sua vez pegaram do sabão de Aleppo o ancestral pai e mãe de todos os sabões históricos, que na falta do óleo de bagas de louro, fizeram o 100% azeite. Mais ou menos duzentos anos depois esse sabão deu origem ao famoso sabão de Marselha.

Esse sabão de Castilla já nao existe mais faz muito tempo e o de Marselha está definhando, infelizmente. São processos a quente, o chamado full boiled, com salinização e retirada da glicerina. Hoje é feito artesanalmente por cold process, um processo totalmente diferente do que era feito, que produz sabão estruturalmente diferentes e mais frágil. Não temos testemhunho de como era o original Castilla, mas podemos referenciar o de Marselha, este nao baba e gelefica como o feito por CP.

Hoje em dia não existe saboaria industrial e nem artesanal mais evoluida que faça este tipo de sabao porque nao teria mercado. O sabao tem deficiências sobejamente conhecidas – pouca espuma e espuma miúda, fica mole quando molhado e no caso do artesanal (CP) baba muito qdo nao gelifica (dissolução). A falta de espuma farta e grande fez com que os fabricantes de Marselha começassem a colocar óleo de coco em tal quantidade que o rei de França baixou decreto estabelecendo o mínimo de 72% de oliva para continuar a ter denominação de sabão de Marselha. O artesanat de saboaria nos USA denomina esse castilla com coco, de Bastile, etimologia de bastard com castile.

Mas retomando ao o que comecei a dizer, me intriga o porque alguns saboeiros de Portugal afirmam que o sabao 100% azeite que fazem nao tem os defeitos mencionados e alguns só fazem este tipo de sabão. Resolvi analisar em certa profundidade para buscar o que chamo de elo perdido, se é que existe, do porque, a razão.

É bem simples, como é um sabão de um único óleo, o oliva, fica fácil trabalhar com essa única variável. A pergunta a buscar seria – a performance do sabão 100% azeite depende do azeite usado? Para responder essa pergunta fiz uma incursão ao mundo do azeite de Portugal. Fiquei encantado com o que descobri! Não em termos de utilidade para a saboaria mas bem mais amplo e importante, o mérito do azeite de Portugal para a saúde e bem estar das pessoas.

Sempre ouvi dizer da ótima qualidade do azeite de Portugal mas sempre levei com reserva este tipo de comentário porque a verbe nacionalista é sempre exacerbada e nem sempre corresponde à verdade.
Hoje falo com a maior tranquilidade que de fato o azeite de Portugal é o melhor do mundo! Não sou um conhecedor de azeite, nunca fui, mas na minha ótica química, analisando a constituição e a composição dos óleos de oliva, é possível inferir a qualidade e o impacto na saúde dos consumidores.

Portugal tem uma produção que corresponde a aproximadamente 2% da produção mundial e tem anos que não supre o consumo interno e a exportação, sendo necessário a importação. As oliveiras estão presentes na paisagem portuguesa por milênios, recente foi mostrado uma oliveira de 2450 anos de idades em terras alentejanas de Monsaraz e algumas outras de um milênio, no mesmo sítio.

Oliveira de 2450 anos em Monsaraz

Oliveira de 2450 anos em Monsaraz

Os fatores que afetam a qualidade do azeite são: a variedade, o estágio de maturação, condições ambientais, práticas de cultura, método de extração do óleo, etc, sendo o mais importante a variedade da oliveira. Em Portugal existem duas dezenas de variedades de oliveira sendo as mais importantes as que constam na tabela abaixo, produzidas nas 7 regiões DOP – Denominação de Origem Protegida, como mostrado na figura acima.

portuguese olive oil fa

Está mais do que provado em inúmeros trabalhos científicos que os ácidoa graxos monoinsaturados, no caso o ácido oleico (C18:1) fazem bem ao coração, somados aos efeitos do compostos fenólicos presentes no oliva. Todos os azeites portugueses destas DOP tem acima de 70% de ácido oleico, destacando a varidade Verdeal Trasmontana com mais de 80%. Aqui já temos o indício da excepcional qualidade do azeite português.

E agora, como fica em termos de sabão?
Existe uma diferênça significativa do teor de linoleico (C18:2), um ácido graxo poliinsaturado. A maioria das variedades possuem teores abaixo de 6% e somente as variedades Cobrançosa com 8 % e a rara variedade Madural com 13% ambos de Trás-os-Montes, tem reores acima dos 6%.
Minha análise não foi conclusiva pois carece de experimentações, e lanço aqui um desafio aos amigos portugueses – será que tem diferênças no sabão 100% azeite feito com azeite da variedade Cobrançosa versus um sabão feito com a variedade Verdeal, ou melhor, entre Trás-os-Montes e Alentejo?
Lembro que a poliinsaturação nos óleos compromete a dureza e está relacionado também a baba e gelificação ao contato com a água.
O fato inegável é que existe uma diferênça na composição dos ácidos graxos das várias variedades de oliva produzido em Portugal, resta comprovar se essa diferênça tem impacto ou não nas propriedades do sabão 100% azeite.

Interessante notar que nas calculadoras da Soapcalc e da Mendrulandia, o padrão estabelecido do teor de linoleico é de 12%, com certeza nao foi baseado no azeite português.

Alguém deve estar perguntado, mas como fica esse azeite português comparado com outros, por exemplo, o azeite produzido na Espanha?
Vamos ver a tabela abaixo:

olive oil fa composition wwSim, surpresa? Aqui está a comprovação de que o azeite de Portugal pode ser considerado o melhor do mundo!

Como referência de um olival e produção de azeite em Portugal, cito este que seguidamente vem ganhando premios internacionais e já ganhou o de melhor azeite do mundo, a Risca Grande, no Alentejo, em Beja. Uma empresa modêlo, com gestão moderna e estimulante, com práticas benchmark e um GMP exemplar:
http://www.riscagrande.com/

Obrigado a todos!

Sobreengorduramento no traço

Uma prática que algumas saboeiras(os) fazem é adicionar óleo da sobregordura no trace pensando, equivocadamente, que esse óleo é o que vai permacer insaponificado no sabão, isto é, sem reagir com a soda. Este é um dos mitos que povoam o mundo da saboaria artesanal, está tão enraizado que até em livros vc encontra esta prática.

Nada como uma teoria e uma experimentação científica para derrubar mitos.
Foi o que fez Kevin Dunn no seu trabalho: Superfatting and the Lye Discount. Este professor de química é o único químico que tem se dedicado a fazer uma abordagem científica de modo sistemático e tem com isso, contribuido de forma objetiva para explicar os fenômenos da saboaria artesanal.

Fiz uma tradução para o português deste artigo do prof. Kevin Dunn:

Sobreengorduramento e desconto de lixivia.pdf

O artigo original é este:

Superfatting and the lye discount.pdf

 

A importância da concentração de soda

Quando se quer calcular a quantidade de álcali (soda ou potassa) necessária para saponificar uma determinada quantidade de óleo ou mistura de óleos, o cálculo é objetivo e direto. É um cálculo fundamentado na relação estequiométrica da reação de saponificação, uma reação química. Pode ser feito manualmente, necessitando conhecer o índice de saponificação (IS) de cada óleo ou com o uso das várias calculadoras que existem on-line.

Tendo a quantidade de álcali – vou me referir à soda para facilitar, surge a pergunta: quanto de água devo utilizar para fazer a solução para diluir a soda?

Muitas pessoas nem fazem esta pergunta porque utilizam as calculadoras e as duas principais, já fornecem um valor default.

No Soapcalc é 38% de água como percentagem dos óleos e o da Mendrulandia fornece 28% de concentração de soda.

As pessoas pegam esses valores e saem a fazer o sabão. Acontece que na maioria das vezes estes valores não são os ideais para fazer o sabão. O Soapcalc ainda faz uma ressalva que o seu valor padrão é para quem está iniciando e depois, adquirindo experiência, muda para outros patamares de maior concentração de soda. O da Mendrulandia faz um explicação envolvendo os tipos de óleos e a concentração a usar. O que é ruim é que em ambas as calculadoras estas explicações ficam perdidas no meio das instruções que a maioria não lêem.

O fato é que a quantidade de água é muito importante para a performance do sabão nas propriedades de dureza inicial e tempo de secagem inicial. Inicial porque curva de dureza e secagem ao longo do tempo, ao final se aproximam de um ponto em comum. Se deixarmos um sabão comum por, digamos, 6 semanas, independentemente da quantidade de água que foi usada para diluir a soda, todos terão uma dureza similar e estarão secos igualmente. Agora, se tomarmos a dureza e a quantidade de água presente no sabão na primeira semana, se notará uma diferença grande, significativa. E aqui é muito importante a concentração da solução de soda.

Existem três modos de se expressar a quantidade de soda e água quando se vai fazer um sabão artesanal:

1 – Água como percentagem dos óleos

2 – Razão água : soda

3 – Concentração percentual de soda

As duas primeiras na verdade são modos não científicos de se expressar a concentração de uma solução soluto/solvente. É como expressar medidas de massa/volume como colher de sopa, colher de chá, copos, que tem razões históricas por trás, quando os recursos hoje disponíveis eram raros e caros. Há 20 anos atrás, quem poderia comprar uma balança digital?

O mais correto é expressar como concentração percentual de soda. Explicita a quantidade de soda e água presente em 100g de solução.

Fiz uma tabela para mostrar que a concentração de soda pode ser otimizada de acordo com algumas característica do sabão que se quer fazer, sua composição de óleos, o conhecimento de quem vai fazer, do modo que se quer fazer o sabão e também da interferência de alguns óleos essenciais e aditivos.

Os valores abaixo de 25% e acima de 40% estão assinalados em vermelho porque estão em regiões não recomendada, podendo haver separação de líquidos abaixo de 25% e reação muito rápida acima de 40%.

Os principais óleos saturados também conhecidos como óleos duros (hard oils) são os que contém predominantemente, ácidos graxos saturados na sua composição:
óleo de côco, palmiste, babaçú, palma, manteiga de karité, manteiga de cacau, e o esteárico (ácido graxo)

Os principais óleos insaturados também conhecidos como óleos moles (soft oils) são os que contém predominantemente, ácidos graxos insaturados na sua composição:
óleo de oliva, girassol, canola, soja, amêndoas doce, abacate, semente de uvas, arroz e mamona.

Só vou citar os dois extremos da relação saturados/insaturados. No máximo de 100/zero da relação sat/insat está o sabão de côco 100%., cujo único óleo é o que contém o ácido graxo saturado laurico que pode ser o côco, palmiste e babaçú. O traço deste sabão é muito rápido e a saponificação é exotermica, isto é, gera muito calor. Aqui é preciso trabalhar com uma concentração baixa de soda (mais água) do que o normal, algo abaixo de 30%, o que favorece um maior controle do traço e também pode evitar rachaduras do sabão no molde.

O outro extremo  é o venerado sabão 100% azeite de oliva, cujo único componente é o óleo de oliva, que contém predominantemente o ácido graxo oleico, um monoinsaturado. Muitos fazem este sabão usando o valor default de 28% de concentração de soda na calculadora da Mendrulandia ou 38% de água sobre  % de óleos na calculadora do Soapcalc, que corresponde a 25% de concentração de soda.  Este valores de concentração de soda podem ser enormemente otimizados usando até 40% de conc. de soda.

 

 

Shampoo em barra cabelo oleoso e corpo

Nesta formulação foram mantidos todos os óleos do shampoo em barra cabelo e corpo, que é mais indicado para cabelos normais e finos. Foi acrescentado 15% de óleo de côco ou babaçú ou palmiste, o que fica bastante adequado para cabelos oleosos devido a ação de limpeza destes óleos. Pela quantidade baixa, a ação de limpeza será bem suave mantendo as propriedades emolientes deste tipo de shampoo.

Para obter a cor rosa claro foi adicionado calamina, um mineral de óxido de zinco com uma pequena quantidade de óxido de ferro, que tem uma cor rosa pália e ação terapeutica  no condicionamento da pele. A cor normalmente se acentua um pouco à medida que o sabão seca.

clique aqui para fazer o download da fórmula

 

 

Sabão de Castilla 100% Oliva por cold process – mito ou realidade?

Hoje arrumando as minhas bagunças encontrei uma caixa cheia de sabão, sabões feitos em 2009 e 2010, todos em perfeito estado, embalados em celofane.

Entre os vários sabões lá estava um sabão de Castilla 100% oliva, um puro, sem nada e outro com argila verde, ambos sem cheiro. Foi um grande achado pois é difícil se ter um sabão com tal longevidade!

De imediato lembrei da discussão sobre o sabão 100% azeite que de algum modo tenho me posicionado como um crítico deste tipo de sabão mono-óleo por cold process feito artesanalmente.

Este sabão de Castilla como é chamado, não tem nada do antigo sabão de Castilla levado ao Mediterrâneo, nas terras de Espanha, pelos mouros no século 11, que conheciam as técnicas do sabão de Aleppo.

Na falta do óleo do fruto do louro, fizeram o sabão somente com o oliva em processo a quente em ebulição e com o uso da barrilha como álcali para a saponificação e solução de sal para precipitar o sabão, o que retira a glicerina.

Dois séculos depois esse sabão foi levado à Marselha e iniciou no século 13 a produção do famoso e tradicional sabão de Marselha, que infelizmente as empresa produtoras hoje passam por sérias dificuldades.

Obviamente hoje não temos como testemunhar a performance do sabão de Castilla original mas uma base pode ser o sabão de Marselha que herdou muito do Castilla. Este tipo de sabão tem uma característica peculiar e facilmente notado de fazer pouca espuma e espuma miúda.

O sabão 100% oliva feito artesanalmente por cold process herdou esta característica ou “defeito” do sabão de Marselha e provavelmente do Castilla original. Também com uma agravante, o sabão não tem dureza no uso, sua dissolução é muito grande no contato com a água, fica pegajoso e forma um resíduo de massa dissolvida e espuma na superfície do sabão.

Entretanto herdou a característica fabulosa de condicionamento, proporcionando uma hidratação e emoliência à pele, sem igual.

Como é contato em versos e prosas que o sabão 100% oliva feito por cold process vai ao longo do extenso tempo de secagem, alguns recomendam de 6 a 9 meses, adquirindo melhores propriedades como um todo e eu tinha agora em mãos um sabão de Castilla 100% oliva com 3 anos de idade, só me faltava confirmar tal dito.

As calculadoras on-line permitem ter uma estimativa da performance do sabão nas cinco propriedades, que são: dureza, limpeza, condicionameto, espuma e cremosidade/persistência.

As calculadoras mais usadas são o Soapcalc e o Mendrulandia. O Soapcalc, mais crítico, apontam para o sabão de Castilla as seguintes deficiências:  zero de limpeza, zero para espuma, 17 para dureza e 17 para cremosidade. 

O da Mendrulandia, menos crítico, aponta as deficiências de espuma e persistência no limite inferior e dureza e limpeza a meio caminho do ideal.

Este sabão de 3 anos tem uma boa dureza mas não chega a ser uma dureza tipo pedra, se pressionar com força chega a ceder, não rompe mas cede. A dureza é um pouco inferior à um sabão convencional com oliva, côco e palma com o mesmo tempo de secagem.

A espuma continua sendo de difícil desenvolvimento e pequenas e o sabão dissolve muito fácil ao contato com a água deixando um certo resíduo, uma nata na superfície do sabão.

Comparando com um sabão convencional com oliva, côco e palma nota-se a grande diferênça do tipo de espuma, grande, farta e de fácil desenvolvimento.

Como fica o sabão após o uso.

O que podemos concluir é que, apesar do longo tempo de secagem e estocagem, no sabão de Castilla 100% oliva feito por cold process não há uma melhora nas propriedades deficientes ao longo do tempo.

Apesar destas deficiências do sabão de Castilla 100% Oliva por cold process, este sabão continua imbativel  para pele mais sensíveis e é muito usado para o banho dos bebês e crianças, pelo seu alto poder condicionador.

 

Análise de fórmulas de sabão livres de palma

Tem sido comentado no grupo Saboaria, de Portugal, as questões relevantes dos impactos negativos do cultivo e extração do óleo de palma, feitos de modo não sustentável, socialmente incorretos,  pelos maiores produtores mundiais, a Indonésia e a Malásia.
Já tinha comentado esta questão no post – “O óleo de palma pode ser sustentável?”: http://www.japudo.com.br/2013/01/01/o-oleo-de-palma-pode-ser-sustentavel/.

As pessoas mais enganjadas querem banir o uso do óleo de palma no sabão artesanal e para tanto, buscam formulações alternativas que não contenham o palma. É perfeitamente possível fazer uma formulação sem palma, lembrando que o palma é rico em ácido palmítico e um pouco de ácido esteárico que são os ácidos saturados que conferem ao sabão a dureza necessária. A regra então, é buscar óleos e manteigas que são ricos em palmítico e esteáricos. Não existe muita opções e normalmente são caros comparados ao palma. São eles, a manteiga de cacau, a manteiga de karité e o óleo de arroz.

A Ana Caseiro Duarte Costa do grupo Saboaria postou um link do site da saboeira Amanda Griffin, onde ela explica muito bem a questão do palma e também apresenta cinco alternativas de formulação livre de palma.

Fiquei curioso de saber qual seria o impacto nos custos da substituição do palma por essas matéria primas mais caras.

Entrei em contato com a Amanda Griffin e ela, gentilmente, me deu a permissão de publicar estas fórmulas aqui no site.

O site da Amanda é:

http://www.lovinsoap.com/2012/06/palm-free-recipes-day-1/#comment-3816

Fiz a análise e o resultado mostra um grande impacto nos custos. Chega a quase dobrar os custo e na melhor das alternativas, o aumento no custo é de 57%.

Este mesma análise fiz para as condições de Portugal e também há um impacto forte de modo geral.

A nossa sorte é que, o Brasil é o 7º produtor de óleo de palma e diferente dos gigantes da Ásia, nossa produção é feita de modo sustentável e responsável, graças a um trabalho sério feito pela maior empresa sediada no estado do Pará.

Se alguém quiser o trabalho completo que está numa planilha, por favor, entre em contato.

Óleos vegetais para sabão – refinados ou não refinados … mito!

Os óleos vegetais mais comuns que são usados para fazer sabão e sabonetes artesanais são os mesmos que são usados na sua cozinha ou nas cozinhas das industrias de alimentos. São usados no preparo dos alimentos e na fritura.
O soja, canola, girassol e oliva são os mais usados nos lares, o côco na cozinha regional e o palma e palmiste na confeitaria, em doces e na fritura industrial.

Todos esses óleos são comestíveis e de alto consumo, os usados na cozinha doméstica, são encontrados nos supermercados e mercadinhos. Por razões mercadológicas devem obedecer rígidos padrões de apresentação do produto. São padronizados para serem comestíveis e completamente atóxicos e apresentados como líquidos claros e transparentes, isento de particulados, sem odor e com elevado prazo de validade.

Para se atingir essa padronização, os óleos e gorduras de origem vegetal necessitam de um processamento específico. A esse processamento dá se o nome genérico de refino.

Os óleos vegetais são extraidos de uma variedade de sementes, frutos e nozes. A preparação da matéria prima se inicia com a lavagem e limpeza, seguido pelo descasque, trituração e condicionamento.
A extração geralmente é feita por meio mecânico, sendo para frutos a destilação e para sementes e nozes, a presagem com prensa mecânica. ou pelo uso de solventes como o hexano que depois é destilado para separar do óleo e é reaproveitado.

Após a extração, para eliminar os ácidos graxos livres (FFA) que são responsáveis pela rápida deteriorização do óleo e os fosfolipídeos (goma) que deixa o óleo pegajoso, é necessário o processo propriamente dito de refino. Existem dois tipos de refino, o refino físico onde se usa a destilação (p ex. óleo de palma) e o refino químico (maioria dos óleos) onde é usado um álcali, normalmente hidróxido de sódio, para neutralizar o ácido graxo livre.

O método tradicional de refino é o químico onde o álcali diluido saponifica os ácidos graxos livres e é eliminado como sabão, na água. Além do FFA também é eliminado os fosfolipídeos, metais, produtos oxidados, etc.

No método físico é necessário uma etapa de degomagem com ácidos, fosfórico ou cítrico (p ex. palma) para eliminar os fosfolipídeos. Abaixo está um esquema bem simplificado do processo de extração com solvente e refino químico.

O óleo refinado, quando aplicável, passa por um processo de branqueamento com material de absorção (argila ou carvão ativo) e pelo processo de desodorização com fluxo de vapor. No processo final tem se o chamado óleo RDB (refinado, branqueado e desodorizado).

Todo o processo de refino dos óleos não altera a sua composição de triglicerídeos, isto é, a composição dos ácidos graxos. Deste modo as propriedades dos óleos continua a mesma e o sabão feito do óleo refinado é o mesmo, quando aplicável, p ex. oliva, ao óleo não refinado. O refino retira as impuresas contaminantes dos óleos como os FFA e os fosfolipídeos e com alguns óleos vegetais não refinados sequer é possível fazer um sabão, caso do canola e do soja e do palma.

É um dos mitos da saboaria artesanal, isso de ter problemas com o sabão feito de óleo refinado, não existe nenhuma restrição de quantidade e tipo, que afetam as propriedades do sabão. Outra lenda urbana é, no óleo cuja extração foi empregado solvente, este solvente estará presente no sabão! Outra, no refino químico se usa produtos químicos (NaOH) e essa soda estará no óleo e daí vai estragar o sabão! O absurdo é que depois é usado a soda para fazer o sabão!

Abaixo uma relação com os principais óleos e manteigas utilizados na saboaria artesanal e o tipo de processamento para a sua purificação. A numeração do processo se refere ao diagrama anterior.

Como se pode ver, em alguns óleos existe a opção do virgem e extra virgem que significa que o óleo são sofre nenhum refino, notadamente é o oliva,  e outra opção são os orgânicos, que significa que no refino não é usado produtos químicos, caso do palma orgânico. Obviamente estes tipos especiais são bem mais caros e de difícil disponibilidade.
Enfatizo novamente, não existe razão para escolher óleos virgem, extra virgem e orgânicos para fazer o sabão. Não existe diferênças entre sabão feitos com estes tipos de óleos e os comuns, refinados.

 

 

Óleos essenciais fotosensíveis

Alguns óleos essenciais, notadamente os cítricos, são fotosensíveis ou fototóxicos. Estes óleos essenciais em contato com o UV da luz do sol podem provocar danos à pele na forma de queimaduras cujas sequelas podem vir a ser difíceis de eliminar. O componente responsável pela ação fotoquímica são os compostos derivados do furano. 

Existe uma classificação do potencial de fotosensibilidade que é medida pelo tempo após a aplicação que pode ser exposto ao sol sem ter fotoreatividade. Por exemplo, o Lima tem que aguardar 72 horas, enquanto o Tangerina, 24 horas. De qualquer modo não acho seguro este tipo de informação, o melhor é evitar o uso. Também tem outra nuância, alguns cítricos quando destilados da casca não são fotosensíveis, e quando extraidos por cold press, são. O melhor é ser conservador e procurar não usar esses óleos essenciais em produtos em contato com a pele e que fiquem diretamente expostos ao sol.

Na foto está uma severa queimadura provocada pelo suco do limão. Decerto estava preparando uma limonada ou … uma caipirinha! Não lavou as mãos e expôs ao sol!

Entendendo o traço

O que é o traço?

Muita gente tem dúvidas o que é o traço – trace em inglês, aquele momento em que ao misturar a solução de soda aos óleos com agitação, a mistura começa a adquirir uma consistência devido ao aumento da viscosidade e chega a um ponto ideal em que é preciso parar a agitação e verter para os moldes.
O nome traço vem da observação em que a viscosidade é tal que ao colocar e retirar uma espátula na massa, o escorrido deixa um “traço”, uma marca visível na superfície da massa de sabão.

O traço pode ser leve, médio e pesado e a escolha depende da formulação e o que se deseja trabalhar com o sabão. Por exemplo, se for fazer o swirl – técnica de misturar cores formando padrões no sabão, o traço tem que ser leve para possibilitar tempo para fazer o swirl. No caso de fazer sabão em camadas, quer seja de cores diferentes ou mesmo composições diferentes, é melhor trabalhar com traço de médio a pesado. Se a formulação tiver componentes que aceleram o traço, como a manteiga de karité (alto conteúdo de acido esteárico) ou alguns óleos essenciais, é preferivel parar a agitação no traço leve

O tempo necessário para se obter o traço é função dos componentes da formulação, da temperatura do processo, da concentração da soda e do trabalho mecânico aplicado na agitação – com um mixer de cozinha é questão de poucos minutos, se for manual, com um batedor aramado, um pouco mais demorado.

Se a formulação contiver óleos com ácidos graxos saturados, como a manteiga de karité e a manteiga de cacau, o trace é mais rápido. Os que tiverem monoinsaturados ou poliinsaturados, como o óleo de oliva e o de girassol, o tempo é maior. Temperatura maior, reação mais rápida e traço mais rápido e igualmente para a concentração da soda.

Qual é o fenômeno físico-químico que acontece no traço?

Todos já devem ter observado que ao misturar óleo com a água ou vice-versa, no repouso a água e o óleo se separam, formando camadas distintas, o óleo por cima (menor peso específico) e  água por baixo.

O que é preciso para que o óleo e a água se misturem estávelmente?

O modo mais simples é usar produtos chamados surfactantes, tensoativos ou mesmo emulsificantes. São moléculas que possuem um caracter anfifílico, isto é, uma estrutura parte polar e hidrofílica e outra apolar e hidrofóbica.
O sabão é uma surfactante do tipo aniônico, ioniza-se em solução aquosa liberando ânions.

 

Acima uma representação esteroquímica de uma molécula de sabão, com a cabeça hidrofílica do sal de sódio ou potássio e uma cauda hidrofóbica ou lipofílica do ácido graxo do óleo. A cabeça hidrofóbica se liga à água e a cauda à parte do hidrocarboneto do ácido graxo do óleo. Essa afinidade cria a emulsão compatibilizando numa estrutura estável o óleo e a água.

 Então quando se mistura a solução de soda ao óleo, numa situação inicial hipotética para explicar melhor o fenômeno físico-químico onde se supõe que se forme uma interface água-óleo, nesta interface haverá o início da formação de sabão pela reação de saponificação. Se mantida esta situação de repouso, a reação será interrompida pela barreira física e falta de contato entre a solução de soda e o óleo.

Se aplicarmos uma agitação mecânica a este início de saponificação, haverá uma quebra na barreira física e e o contato entre a solução de soda e o óleo será intensificado pelo aumento da área superficial de contato – quebra em micro-partículas. Terá inicio a emulsão e então o nosso conhecido fenômeno do traço

 

Essa seria a representação da emulsão formada entre a água e o óleo por meio da ação surfactante do sabão que começa a se formar.

A emulsão formada pelo surfactante inicial, o sabão e pela ajuda da ação mecânica do mexedor, expõe o contato íntimo da soda com o óleo que é refletida no aumento da viscosidade, da consistência da massa, pela reação de saponificação. Ao contrário do que muito se lê, a saponificação no traço não passa de 10%, isto é, no traço ainda a reação de saponificação é bem inicial, tem muita soda livre, que vai ser processada no molde e nos proximos três ou pouco mais dias do início da secagem.

 

O óleo de palma pode ser sustentável?

Muito se tem falado das condições e consequências ruins da industria de óleo de palma mundo afora. Também se ouve falar das inúmeras ações desencadeiadas para minimizar estes efeitos negativos e fazer desta industria uma industria sustentável. O difícil é peneirar estas fartas informações na midia e ter uma visão clara e insenta de partidarismo. Este artigo foi publicado originalmente em 2011 na 2degreesnetwork e reimpresso em 2012 na makingitmagazine: http://www.makingitmagazine.net/?p=5467#bio .Achei interessante e traduzi, dá uma visão geral e procura ser isenta.

O óleo de palma pode ser sustentável?
Johanna Sorrell pergunta se a produção sustentável em grande escala de óleo de palma, é uma opção viável para a indústria de óleo de palma.

Cerca de 50 milhões de toneladas de óleo de palma são produzidas a cada ano, e com certeza esse número só vai subir. A demanda tem sido impulsionada pela produção, que no caso do óleo de palma, é quase seis vezes maior, por hectare,  do que o óleo de canola. Tendo em conta estes rendimentos excepcionais, os agricultores começaram a plantar palmeiras a um ritmo veloz, levantando preocupações sobre seus impactos ambientais e culturais. Como resultado, vários grupos de defesa acusaram o aumento da produção de óleo de palma por criação de práticas agrícolas prejudiciais, destruindo florestas vulneráveis e turfeiras, e ter consequências negativas para as culturas nativas. Hoje, cerca de 8% de óleo de palma é produzido por padrões “sustentáveis” que tentam mitigar os danos da produção em massa de óleo de palma por meio de métodos de produção menos invasivos. No entanto, a produção de óleo de palma sustentável pode ser mais caro e menos eficiente do que a produção tal como ela é.

A onipresença de óleo de palma
Nos últimos trinta anos, a produção do óleo de palma tem estado em um crescimento exponencial. Espera-se que o consumo anual do óleo de palma aumente de seus níveis atuais de 38 milhões de toneladas para 63 milhões de toneladas em 2015, e ascenderá à 77 milhões de toneladas até 2020. A Indonésia é o maior produtor mundial de óleo de palma, mas um número crescente de países estão se tornando concorrentes viáveis no mercado global de óleo de palma, incluindo Malásia, Colômbia, Brasil, Nigéria, Libéria, Tailândia e Uganda.

Um trabalhador aplica o herbicida Paraquat em uma plantação de óleo de palma, nos arredores de Kuala Lumpur. O Paraquat é proibido na União Europeia, no entanto, milhões de trabalhadores do campo em toda a Ásia usam o produto químico para matar ervas daninhas e como resultado, alguns enfrentam sérios riscos de saúde.

Este crescimento é impulsionado não só pelo custo-eficácia do óleo de palma, mas também pelas suas múltiplas aplicações no desenvolvimento e produção de uma variedade de gorduras e alimentos, como pães, leite condensado e em pó, batatas fritas, alimentos concentrados e suplementos para alimentação animal. O óleo de palma também atinge os não-comestíveis, como sabões, detergentes, cosméticos, velas, cola, tintas de impressão, lubrificantes para máquinas e biocombustíveis. Por ser usado em tal variedade de produtos, as indústrias que são altamente dependentes do óleo de palma,  seriam duramente pressionadas para encontrar uma alternativa adequada de alto rendimento e custo-eficaz.

 

 

Todos os fins  ou todos os problemas do óleo?
O rápido crescimento da indústria de óleo de palma tem trazido a degradação de grandes extensões de solos frágeis. A fim de produzir óleo de palma em escala, muitas plantações têm utilizado técnicas destrutivas de corte-e-queima transformando florestas em fileiras sem fim de palmeira de palma, substituindo os ecossistemas dinâmicos da floresta pela monocultura. Danos aos ecossistemas incluiem:

  • a destruição das florestas tropicais para dar lugar a nova produção de óleo de palma;
  • a descarga de efluentes das fábrica de óleo de palma que mata a fauna aquática;
  • o deslocamento de povos nativos e agricultores de subsistência;
  • a perda de habitat e a conseqüente perda de vida selvagem, com um impacto especialmente negativo sobre as populações globais de orangotangos, e
  • a queima e drenagem de grandes extensões de terras de turfa, que são importantes absorvedores de CO2.

Certas corporações, tanto produtores como compradores, têm sido alvo de organizações de defesa pelo seu envolvimento, direto ou indireto, em tais práticas. Campanhas de marketing social têm se mostrado muito eficazes em iniciar modificação de comportamentos de compras corporativas e de sourcing, um exemplo é o vídeo do Greenpeace viral Kit Kat pedindo para a Nestlé parar de comprar óleo de palma de terras das florestas destruídas. Como resultado da campanha, a Nestlé imediatamente parou de comprar óleo de palma da Sinar Mas (maior empresa de óleo de palma e polpa da Indonésia, um plantador  que o Greenpeace afirma abertamente que destrói a floresta para expandir as plantações de palmeiras). A Nestlé também conectou se à The Forest Trust (uma instituição de auxílio que trabalha para deter o corte ilegal pelo rastreamento dos produtos de consumo à sua fonte), que irá ajuda-la nas orientações para a compra de óleo de palma mais sustentável. A Nestlé esta comprando 18% do seu óleo de palma de fontes “verdes”, e deverá chegar a 50% até o final de 2011, e tem planos para comprar todo o seu óleo de palma de fontes ambientalmente amigáveis em 2015.

A sustentabilidade é uma opção?
Embora os impactos ambientais e sociais da produção de óleo de palma tem sido fortemente criticado por uma série de partes interessadas, as previsões sombrias e melancólicas podem ser ainda evitados com a implementação de práticas de sustentabilidade que estão em andamento através de esforços concentrados dos setores com e sem fins lucrativos.

Criar o acesso à informação é um componente chave de mudança para muitas organizações ao tentar influenciar uma mudança no comportamento das empresas. Por exemplo, em 2009, o WWF produziu o Oil Buyer Scorecard, essencialmente expondo muitos grandes compradores de óleo de palma que alegaram métodos eco-conscientes de compra, mas ainda não conseguiram cumprir seus próprios padrões.

Muitas grandes empresas começaram a trocar sua produção e compra de óleo de palma para atender grupos de defesa e os interesses dos consumidores. Por exemplo, como parte da Avon’s Hello Green Tomorrow Initiative, a empresa anunciou a Palm Oil Promise – um compromisso global da empresa pelo óleo de palma sustentável, que compromete comprar 100% de óleo de palma sustentável certificada. Outras orientações de sustentabilidade surgiram ao longo dos últimos anos, e as partes interessadas da indústria de grande escala estão começando a implementar normas estabelecidas por essas organizações. O grupo principal – Roundtable on Sustainable Palm Oil (RSPO) – tem trabalhado no sentido de criar, colaborativamente, um conjunto de normas globais para orientar a indústria de óleo de palma em direção à sustentabilidade. Atualmente, a RSPO tem mais de 400 membros, incluindo ONGs, investidores, produtores de óleo de palma, e grandes corporações, incluindo Unilever, a Cognis, e IOI.

Embora a RSPO seja a maior organização de responsabilidade sobre a sustentabilidade da indústria de óleo de palma, é também uma organização baseada em grande parte em normas voluntárias. Sem surpresa, numerosas organizações ativistas acusam a RSPO de “etiqueta-verde “, e identificam que vê lacunas importantes nos princípios e critérios estabelecidos nas normas criadas pela RSPO. Por exemplo;

  • Friends of the Earth acusou a RSPO de ser uma “ferramenta limitada de tecnicidade”, que não é capaz de tratar adequadamente os impactos terríveis do cultivo de óleo de palma sobre as florestas, terras e comunidades”;
  • Greenpeace é tanto defensor como crítico da RSPO, mas notou o desmatamento contínuo por empresas que são membros da RSPO e
  • A Rainforest Action Network também apoia os esforços determinados da RSPO, mas expressou insatisfação intensa com alguns dos processos da RSPO.

Criar e falar sobre padrões é uma coisa, implementá-las é outra história. Para endereçar isso, o GreenPalm, um programa negociado de certificados, desenhado para ajudar a garantir a produção sustentável de óleo de palma, já foi iniciada. GreenPalm serve como uma forma de “meio de campo”, ajudando os compradores de óleo de palma a comprar créditos de certificados para “compensar” as suas compras, principalmente devido ao fato de que comprar diretamente de uma fonte segregada de óleo de palma produzido de forma sustentável, muitas vezes é extremamente difícil. Cada crédito comprado representa um prêmio pago aos produtores sustentáveis para uma tonelada de óleo de palma, ajudando a garantir e reforçar a sustentabilidade da cadeia de suprimento. Embora esses sistemas estejam longe de serem perfeitos, eles estão evoluindo como ferramentas na responsabilidade pela produção mais sustentável do óleo de palma., e esperamos que continue a evoluir realmente e atinja padrões sustentáveis do plantio à compras.

Para onde vamos a partir daqui?
A maior demanda e o maior consumo, juntamente com a falta de terras disponíveis devido à concorrência com outras culturas, e a disputa com as partes interessadas, farão a produção de óleo de palma mais difícil no futuro. Sem um fim de curto prazo à vista para a crescente demanda por óleo de palma, pemanecerá a dúvida se a indústria de óleo de palma será capaz de manter os atuais níveis de produção, se as medidas de sustentabilidade forem aplicados em toda a cadeia, que causa preocupações da industria com os grandes investimentos necessários. A educação dos consumidores e da indústria, bem como as oportunidades para engajamento em todos os níveis, vão desempenhar um papel importante pois a produção inevitavelmente continua – de forma sustentável ou não.

Óleo de palma e palmiste

Uma dúvida recorrente sobre os óleos diz respeito ao óleo de palma. Muitos tem dúvidas o que é o que na profusão de óleo de palma que se encontram no mercado.  Palma, dendê, palma bruto, palma refinado, oleina de palma, estearina de palma, palma orgânico, palmiste, são as denominações referentes aos óleos obtidos dos frutos da palmeira Elaeis guineensis, também conhecido como dendezeiro. A Elaeis guineesis é nativa na região tropical, aproximadamente 10 graus acima e abaixo da linha do equador. No Brasil, na região amazonica, com grandes áreas de cultivo nos estados do Pará, Amazônia e em menor escala na Bahia

Elaeis guineesis

Os maiores produtores são a Indonésia, Malásia, Nigéria e Colômbia. O Brasil ocupa a posição de 13° produtor mundial.

Uma característica peculiar do fruto do dendezeiro é que ela produz dois tipos de óleo: da polpa (mesocarpo) é extraido o óleo de palma e da semente o óleo de palmiste (PKO – palm kernel oil). A composição de ácidos graxos destes óleos são completamente diferentes. No óleo de palma predominam o palmítico e o oleico e no palmiste, o laurico e o mirístico, sendo este muito semelhante ao côco e côco de babaçú.

Fruto da Elaeis guineesis, palmeira de palma

A polpa e consequentemente o óleo de palma bruto, tem uma cor amarelo a laranja-avermelhado atribuida à quantidades de carotenóides no fruto e também ao nível de oxidação que a fruta sofreu ao ser mantida estocada antes de ser processada

 

 

 

veja mais aqui