O que usar para colorir os sabonetes cold process?

Três características devem ser consideradas na escolha de materiais para dar cor aos sabonetes feitos por cold process. Os materiais colorantes devem, em primeiro lugar, serem inertes à pele, isto é, não devem provocar nenhuma reação adversa em contato com a pele. Devem ser resistentes ao meio alcalino da reação de saponificação do cold process e devem ser resistentes à luz, não devem desbotar e perder a cor quando o sabonete é exposto à luz.

Para atender o primeiro requisito, a melhor opção é usar os materiais aprovados pelo FDA (Food and Drug Adminstration) americano para uso em cosméticos. Associando este primeiro requisito com os demais, restam poucas alternativas e normalmente recaem na classe dos pigmentos, a maioria inorgânicos e sintéticos.

  • Óxido de ferro – preto, vermelho, amarelo, ocre
  • Ultramarino – azul escuro, azul claro e violeta
  • Óxido de cromo – verde claro e verde escuro
  • Dióxido de titânio – branco
  • Óxido de zinco – branco, vermelho claro (calamina)
  • Ferrocianeto férrico – azul escuro
  • Mica – efeito perlescente de várias tonalidades

Esta classe de pigmentos são os aprovados pelo FDA, são resistentes ao cold process e não perdem a cor com o tempo.

Estes pigmentos são dificeis de serem encontrados nas quantidades pequenas que são usados na saboaria artesanal. Uma alternativa que eu uso é comprar estes pigmentos em lojas que vendem materiais para uso artísticos – os pintores usam para preparar as suas tintas. São vendidos em pequenas embalagens, inferior a 100g, custam caro mas rendem muito e a compra também pode ser feita cotizando com outros artesões. Uso das marcas Sennelier (francesa) e Mahler (fracionado no Brasil).

Além desses pigmentos podem ser usados as argilas naturais que não possuem o poder de tingimento dos pigmentos mas são fáceis de serem encontrados nas cores branca, verde, amarelo e rosa, estes dois últimos, tingidos, na sua preparação, com óxido de ferro. Para a cor preta uma opção é o uso do carvão de bambú que além do forte poder de tingimento tem suas propriedades condicionadoras da pele.

Uma outra opção é você fazer o seu proprio colorante, através da maceração de certas plantas com óleos que são normalmente usados no cold process. Um exemplo é a maceração de chá verde ou ervas de chimarrão para obter uma cor verde claro. Alguns componentes da própria formulação pode dar uma cor discreta ao seu sabonete, como o mel que dará uma cor creme ou o uso do leite de cabra que dependendo da temperatura do processo cold poderá dar uma cor creme ou marrom escuro ou ocre.

Importante enfatizar que a maioria dos corantes que se usam em alimentação e para colorir velas, são anilinas (azo componentes) que não resistem ao meio alcalino e também não tem resistência a luz e portanto não devem ser usados para dar cor aos sabonetes. Neste caso é sempre bom testar antes.

Uma última observação diz respeito a questão de pigmentos naturais versus sintéticos. Se você faz saboaria natural e não abre mão de só usar materias de origem natural, é entendível que você não vai querer usar um pigmento sintético (feito pelo homem). Acontece que o FDA só aprova pigmentos sintéticos porque os naturais podem estar contaminados com metais pesados (tóxicos) que não podem ser separados na sua extração e alguns realmente fazem mal à saúde, como o chumbo e o cadmio. A escolha é sua!

Na página de download coloquei arquivos com a relação dos materiais aprovados pelo FDA para uso em cosméticos e também o catálogo da Sennelier dos pigmentos artísticos. Em ambos estão assinalados os pigmentos que podem ser usados no cold process.