Sabão de Castilla 100% Oliva por cold process – mito ou realidade?

Hoje arrumando as minhas bagunças encontrei uma caixa cheia de sabão, sabões feitos em 2009 e 2010, todos em perfeito estado, embalados em celofane.

Entre os vários sabões lá estava um sabão de Castilla 100% oliva, um puro, sem nada e outro com argila verde, ambos sem cheiro. Foi um grande achado pois é difícil se ter um sabão com tal longevidade!

De imediato lembrei da discussão sobre o sabão 100% azeite que de algum modo tenho me posicionado como um crítico deste tipo de sabão mono-óleo por cold process feito artesanalmente.

Este sabão de Castilla como é chamado, não tem nada do antigo sabão de Castilla levado ao Mediterrâneo, nas terras de Espanha, pelos mouros no século 11, que conheciam as técnicas do sabão de Aleppo.

Na falta do óleo do fruto do louro, fizeram o sabão somente com o oliva em processo a quente em ebulição e com o uso da barrilha como álcali para a saponificação e solução de sal para precipitar o sabão, o que retira a glicerina.

Dois séculos depois esse sabão foi levado à Marselha e iniciou no século 13 a produção do famoso e tradicional sabão de Marselha, que infelizmente as empresa produtoras hoje passam por sérias dificuldades.

Obviamente hoje não temos como testemunhar a performance do sabão de Castilla original mas uma base pode ser o sabão de Marselha que herdou muito do Castilla. Este tipo de sabão tem uma característica peculiar e facilmente notado de fazer pouca espuma e espuma miúda.

O sabão 100% oliva feito artesanalmente por cold process herdou esta característica ou “defeito” do sabão de Marselha e provavelmente do Castilla original. Também com uma agravante, o sabão não tem dureza no uso, sua dissolução é muito grande no contato com a água, fica pegajoso e forma um resíduo de massa dissolvida e espuma na superfície do sabão.

Entretanto herdou a característica fabulosa de condicionamento, proporcionando uma hidratação e emoliência à pele, sem igual.

Como é contato em versos e prosas que o sabão 100% oliva feito por cold process vai ao longo do extenso tempo de secagem, alguns recomendam de 6 a 9 meses, adquirindo melhores propriedades como um todo e eu tinha agora em mãos um sabão de Castilla 100% oliva com 3 anos de idade, só me faltava confirmar tal dito.

As calculadoras on-line permitem ter uma estimativa da performance do sabão nas cinco propriedades, que são: dureza, limpeza, condicionameto, espuma e cremosidade/persistência.

As calculadoras mais usadas são o Soapcalc e o Mendrulandia. O Soapcalc, mais crítico, apontam para o sabão de Castilla as seguintes deficiências:  zero de limpeza, zero para espuma, 17 para dureza e 17 para cremosidade. 

O da Mendrulandia, menos crítico, aponta as deficiências de espuma e persistência no limite inferior e dureza e limpeza a meio caminho do ideal.

Este sabão de 3 anos tem uma boa dureza mas não chega a ser uma dureza tipo pedra, se pressionar com força chega a ceder, não rompe mas cede. A dureza é um pouco inferior à um sabão convencional com oliva, côco e palma com o mesmo tempo de secagem.

A espuma continua sendo de difícil desenvolvimento e pequenas e o sabão dissolve muito fácil ao contato com a água deixando um certo resíduo, uma nata na superfície do sabão.

Comparando com um sabão convencional com oliva, côco e palma nota-se a grande diferênça do tipo de espuma, grande, farta e de fácil desenvolvimento.

Como fica o sabão após o uso.

O que podemos concluir é que, apesar do longo tempo de secagem e estocagem, no sabão de Castilla 100% oliva feito por cold process não há uma melhora nas propriedades deficientes ao longo do tempo.

Apesar destas deficiências do sabão de Castilla 100% Oliva por cold process, este sabão continua imbativel  para pele mais sensíveis e é muito usado para o banho dos bebês e crianças, pelo seu alto poder condicionador.