Darluck Saboaria e Cosmética – Parceria

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É com muito orgulho e satisfação que anuncio uma parceria técnica e comercial com a Darluck Saboaria Artesanal  de Cris Dragesso Luckachaki, de Tangará da Serra, MT.

A Cris é uma profissional esteticista consagrada e tem estado, há mais de 15 anos, atuando com a Estética Pro Mulher na cidade de Tangará da Serra. Tem um ano que resolveu se dedicar também a fazer a saboaria e cosmética artesanal e enfrentando inúmeras dificuldades devido a distância de mais de 2 mil km que a separa dos grandes centros, conseguiu estabelecer, com muita competência e dedicação, uma atividade que oferece produtos e serviços de altíssima qualidade o que reflete em clientes muito felizes!

saboa allCom uma criativa e abrangente linha de sabões artesanais, oferece uma completa solução de produtos naturais. Novos produtos irão surgir com regularidade para atender as necessidades dos cliente. Regastou de forma carinhosa as reminiscências do passado com a Linha Alma & Olga feitas por processo a quente que preserva os ativos dos óleos e plantas. Alma & Olga faz parte do portfolio de produtos que compreende as linhas de sabões, cosméticos, produtos para casa, todos naturais sem uso de produtos sintéticos e nocivos para a saúde.

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Recém lançados o inicio de uma linha completa de cosméticos 100% naturais, vegetais.

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Um espaço segregado, dedicado para a elaboração dos produtos, que em muito breve se planeja ampliar.

Tenho grandes expectativas com o sucesso dessa parceria, acredito na competência e na constância de propósito e qualidade dos trabalhos que sempre nortearam as atividades da Cris Dragesso Luckachaki!
Boa sorte e muito trabalho para todos nós

ESSA PARCERIA DEIXOU DE EXISTIR A PARTIR DE 2016

Reaproveitando o sabão – rebatch

P1030713Acumulei ao longo do tempo um monte de sabonetes que ficaram encostados aguardando um destino, e agora resolvi fazer um reaproveitamento – rebatch e doar os sabonetes para algumas instituições.

Tinha uma caixa cheia deles, a maioria embalados em celofane feitos em 2009 que acabei não comercializando, na época que eu vendia sabões, porque mudei a fórmula para um sabão mais duro e estes acabaram ficando.

P1030674P1030677O incrível é que esses sabões com quase 5 anos, estavam todos perfeitos, ainda com um acentuado aroma dos óleos essencias. Juntei a estes as contra-amostras dos lotes produzidos, alguns de testes que fiz, no total de 13 kg de sabão.

Primeiro passo é fragmentar as barras de sabonetes para facilitar o derretimento. Tentei com um moedor de carnes elétrico, mas não funcionou pois a maioria deste sabonetes tem uma composição de óleos predominante de insaturados (oliva) e portanto pegajosos, embora bem secos, que não flui pelo moedor.

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A alternativa foi ralar manualmente, um trabalho beirando a insanidade que demorou quase um dia inteiro para ralar, barra por barras, os 13kg de sabão.

P1030694Usei uma panela de cozimento lento (crock pot) para derreter e e fundir os sabões em uma massa única. Fiz em lotes de 2,5kg com adição de 10% de água.

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Como o sabão ralado ocupa muito volume cada lote de 2,5kg foi carregado em três etapas, demorando aprox. 3 horas cada processamento. O ultimo carregamento das raspas foi deixado fundir parcialmente para dar este efeito de aparas coloridas.

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Finalmente depois de quase um dia ralando os sabões e mais 15 horas de trabalho de rebatch, aqui estão as 100 barrinhas de 90g de sabonetes reprocessados.

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Sabão de óleos medicinais – neem, andiroba e copaíba

P1030481 textA saponificação a frio, o cold process, é um modo simples e fácil de fazer sabão, mas tem seus inconvenientes. A incorporação de qualquer aditivo, aromas e ativos só podem ser feitos na presença da soda cáustica, isto é, todos esses componentes estão presentes no ambiente da reação de saponificação dos óleos. Este ambiente de forte alcalinidade não poupa quase nada, literalmente destroi muitos princípios ativos de muitos componentes.

P1030493Existe uma crença equivocada de que a adição de ativos no trace preserva esse ativo do ataque da soda porque no trace a maioria da soda já foi consumida. Engano, no trace somente aproximadamente 10% de soda foi consumida para formar a emulsão (trace), o restante continua lá e vai reagir da mesma forma. Deste modo o conceito de superfatting (SF) é também equivocada quando se pensa que aquele determinado óleo, normalmente um óleo nobre, vai ficar íntegro dentro do sabão. O que acontece, se existe um excesso de óleo (ou redução de soda) é que ao final da saponificação vai ficar uma mistura de óleos que fazem parte da composição de óleos da fórmula e não aquele determinado óleo que foi adicionado no trace.

P1030496 textP1030500Deste modo não tem muito sentido apregoar certo ditos de eficácia, por exemplo, de sabões terapêuticos feitos com óleos medicinais como o óleo de Neem feitos por cold process. Os componentes do Neem depois da saponificação já nao existe mais, vai existir os sais de sódio do ácido graxos palmítico, esteárico, oleico e linoleico, componentes do óleo de Neem,  uma composição quase invariável da maioria dos óleos vegetais. Alguém pode argumentar, por exemplo neste caso do Neem, que certos componentes não reagem com a soda e permanecem intactos, mas isso carece de comprovação científica, mesmo porque o teor de insaponificáveis do Neem é zero.

P1030502P1030508O melhor modo nestes casos, é mudar o process de cold process para hot process. No hot process a adição dos ativos é feita ao final da saponificação a quente o que preserva integralmente os componentes.

P1030510P1030512Foi o que foi feito com estes três sabões de óleos medicinais – Neem (Azadirachta indica), Andiroba (Carapa guianensis, Meliaceae) e Copaíba (Copaifera spp., Leguminosas)

P1030513A fórmula básica é:  Oliva/Palmiste/Palma/Mamona – 45/25/25/5, um SF de zero, concentração de soda de 30% e 7% sobre óleos dos óleos medicinais.
Aroma, neem – folha cedro e citronela, andiroba – citronela, patchouli e petigrain, e copaiba – eucalipto estageriana e eucalipto globulus

P1030517As propriedades terapêuticas destes óleos são:
Óleo de Neem – fungicida, antibacterianas, antiviróticas e inseticida dermatológico Óleo de Andiroba – antiinflamatório, cicatrizantes e insetifugas, fortalecedor dos cabelos.
Óleo Resina de Copaíba – antiinflamatório, cicatrizante, antibacterianas.

O processo usado foi o Hot Process com Agitação Contínua – HPAC.

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Hot Process com Agitação Contínua – HPAC

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Na pequena localidade de Fontevraud L’Abbaye, no vale do Loire na França, existe desde 1974 a renomada saboaria artesanal, Savonnerie Martin de Candre. Desde a sua fundação a 40 anos, a saboaria Martin de Candre (MdC) se dedica a produzir produtos da saboaria artesanal de excelente qualidade usando, como eles afirmam, o clássico processo do sabão de Marselha.

O sabão (creme) de barbear da Matin de Candre é considerado o melhor do mundo, eles tem uma linha de sabão de marselha (para limpeza) com oliva, coco e palma,  uma linha que chamam de huile de palme que é feita com oliva, coco e palma e uma terceira huile d’olive, só com oliva e coco.

Todos estes produtos tem um preço premium que varia de 9 a 16 euros para as barras de sabão e o de barbear chega a custar 23 euros um potinho de 50 gramas.

Eles alegam que fazem o processo do sabão de Marselha que é um processo full boiling onde o sabão é lavado com solução salina e a glicerina é retirada. Na realidade a MdC faz um hot process artesanal bem convencional, que usa um agitador mecanico para mexer a massa durante a saponificação e o tamanho do lote é inferior a 25kg. Isso pode ser visto nas poucas fotos no site deles e também de um video reportagem produzido por uma tv francesa.

Mas o que me chamou a atenção foi o procedimento deles de secar durante 8 meses os sabões e por 5 meses o de barba! Intrigante pois no hot process o sabão já sai saponificado e portanto seguro e que uma secagem de 15 dias é suficiente para ter a dureza necessária para um uso duradouro. Um sabão feito por cold process fica pronto para o uso em cerca de 20 dias. Aí vem a pergunta, por que fazer um processo mais complexo, demorado e caro que é o hot process, se posso fazer o cold process, muito mais simples, rápido e mais barato? Afinal se deixar por 8 meses um sabão feito por hot ou cold, teoricamente eles teriam a mesma performance. É claro que o hot process tem a vantagem de poder incorporar componentes sensíveis ao meio alcalino apos a saponificação, o que preserva estes componentes, coisa que no cold process nao seria possível.

Resolvi elaborar um teste para comparar as propriedades de um sabão feito por cold process e o mesmo feito por hot process e também comparar a influência que tem o tempo de secagem na performance do sabão, nos dois processos.

Hot Process com Agitação Contínua – HPAC

Um hot processs artesanal normalmente é feito usando-se como fonte de aquecimento um banho-maria ou uma panela elétrica de aquecimento lento (crock pot), e a massa é homogenizada manualmente de tempos em tempos para possibilitar uma saponificação abrangente.

Para manter o processo mais parecido com o hot process da Martin de Candre, acabei por montar um sistema que chamei de Hot Process de Agitação Contínua – HPAC. Obviamente nao é uma inovação, mas em escala artesanal nao vi ninguém usar um sistema parecido.
Deste modo, de um teste comparativo entre sabões produzidos por dois processos distintos, acabou derivando para a elaboração de um terceiro modo de se fazer um hot process que é o HPAC.

P1030403revEste é o setup do equipamento para fazer o HPAC – um aquecedor elétrico (este é um agitador magnético de laboratório), um agitador mecânico (usado um com controle digital da rotação) e um termômetro digital.

Aqui está um vídeo que fiz que mostra o HPAC para fazer o sabão de benzoim (12 minutos):

http://www.youtube.com/watch?v=wQc9vjrkDdk

Teste dos Sabões

A Martin de Candre na sua linha palma tem um sabão de mel e um de benzoim (Styrax tonkinense), e foram feitos um simlilar a esses para o teste.
A composição de óleos do sabão foi: oliva/palmiste/palma – 60/25/15, SF de 5% e concentração de soda de 30%. O teste comparativo será feito com o de mel e o de benzoim foi feito para confirmar e otimizar o processo HPAC. Não é possível fazer um cold process normal com o de benzoim devido a necessidade de diluir o óleo resina de benzoim com etanol, o que daria o defeito de seizing na massa.

P1030321Na esquerda o sabão de mel feito com HPAC, o outro por cold process convencional.
A cor do col process é escura devido a carbonização de parte do açucar do mel pela soda.

P1030334Os dois blocos de sabão de mel desenformados, de 3,5kg.

P1030342Corte de acabamento da superfície do sabao de mel por hot process com agitação contínua utilizando o Cortador Flex.

P1030344Duas barras de 305 x 80 mm.

P1030351Acabamento do topo da barra.

P1030353As duas barras acabadas nas dimensões de 305 x 80 x 60 mm.

P1030362Corte das barras individuais utilizando o Cortador Flex.

P1030364Corte com precisão do Cortador Flex.

P1030366P1030369P1030374Todas as barras individuais de 80x60x30 mm, 135 gramas.

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Corte do bloco de sabão de mel feito com cold process.

P1030384P1030390Todas as barras do sabão de mel CP, 90x60x25 mm, 130 gramas.

P1030394Os dois sabões que serão utilizados na comparação entre CP e HP.

Sabão de Benzoim feito por Hot Process com Agitação Contínua – HPAC

P1030417Este sabão foi feito para confirmar e melhorar o processo HPAC.

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Savonnerie Martin de Candre: http://savonnerie-martin-de-candre.com/fr/