Shampoo em barras cabelos & corpo

Este é um sabão artesanal vegetal e vegan, feito por cold process, um shampoo sólido para cabelos e corpo em forma de barras. Não é comum o uso de um shampoo sólido em forma de barras para o trato dos cabelos.

Na saboaria artesanal quando se faz um shampoo para cabelos, normalmente se faz um sabão líquido pelo método hot process. No sabão líquido sempre existe a necessidade de óleo de côco ou babaçú ou palmiste porque o laureato de potássio é o mais solúvel dos sais de sabão e confere ao sabão líquido a solubilidade necessária e também a transparência.

O óleo de côco por outro lado é conhecido por sua forte ação de limpeza, o que, dependendo da quantidade usada, pode ser até agressivo para a pele e principalmente, para o couro cabeludo, uma área de muita sensibilidade.

Como existe um limite para a quantidade de óleo de côco, não é possível formular um bom shampoo líquido para cabelos sem óleo de côco.

Pensando na possibilidade de fazer um shampoo em barras sem óleo de côco, passei a trabalhar numa formulação adequada para isso.

O objetivo era ter uma shampoo que tivesse o máximo de propriedades condicionadoras e o mínimo de agressividade à pele e couro cabeludo.

Lembrar que propriedade condicionadora significa principalmente emoliência e humectação, emoliência atuando como um lubrificante e humectação aumentando o conteúdo de água na pele.

Selecionei dois óleos com excelentes propriedades condicionadoras, o óleo de oliva e o óleo de abacate. O oliva é sobejamente conhecido por suas ótimas caracteristicas para a pele e o abacate também muito conhecido pelos benefícios aos cabelos, recuperando cabelos ressecados e deixando-os sedosos.

O óleo de palma cuja função principal é dar dureza ao sabão, foi eliminado para potencializar as quantidades do oliva e do abacate, que totalizam 70%.

Os 12% de óleo de mamona é uma quantidade razoável para ter uma boa cremosidade e espuma espessa. A principal função da manteiga de karité nesta formulação é dar um pouco de dureza ao sabão. O óleo de jojoba contribui em muito para o bom trato do couro cabeludo e sua quantidade é mantida baixa para não comprometer a dureza pois seus quse 10% de insaponificáveis derrubam a dureza. O açúcar está para auxiliar a melhorar a formação de espumas.

Esta formulação é bastante diferente, não usual, quebra as regras de uma boa formulação. É semelhante ao sabão 100% oliva onde predomina o oleato de sódio. Se colocar em uma calculadora que fornece as propriedades do sabão, como o Soapcalc, verá que é uma formulação “desbalanceada”, com uma proporção de insaturado/saturado de 80/20. Por exemplo, tem zero de limpeza, isto é claro, porque não tem côco, tem dureza abaixo do limite inferior sem o palma e a espuma no limite inferior pois o açúcar não entra nos cálculos. Em contrapartida tem um condicionamento  muito além do limite superior. Acontece que esta formulação é desbalanceada propositalmente, tudo foi elaborado para que desse um ótimo condicionamento sacrificando outras propriedades, dentro do aceitável.

Com a ausência de óleos saturados este sabão tem um defeito, muito similar ao sabão com 100% óleo de oliva. Quando molhado ele fica pegajoso e tem uma certa tendência a solubilizar mais rápido do que um sabão normal com palma e côco. Nada muito grave que deprecie o sabão, tomando os cuidados devidos para sabões deste tipo não haverá problemas. Este é o preço que se paga para ter o máximo de condicionamento para os cabelos.

clique aqui para baixar a fórmula completa

 Após uma semana de secagem fiz um teste de uso deste shampoo em barras. Todas as propriedades preditas foram alcansadas e em muitas delas superaram as expectativas. O shampoo depois de secar somente por uma semana já tem dureza suficiente para ser manuseado sem problemas. A massa é bem uniforme e sem granulosidade e aspereza (não tem côco). Tem farta espuma com bolhas médias, cremosidade típica do mamona e um razoável grau de limpeza. Deixa os cabelos soltos e sedosos. Cumpre as funções típicas de um bom shampoo e também, o melhor, é muito bom para o corpo. deixa a pele aveludada bem perceptível por um longo tempo após o banho. O shampoo realmente fica pegajoso após o uso mas seca bem e fica bom para o próximo uso

 

 

 

Óleos vegetais para sabão – refinados ou não refinados … mito!

Os óleos vegetais mais comuns que são usados para fazer sabão e sabonetes artesanais são os mesmos que são usados na sua cozinha ou nas cozinhas das industrias de alimentos. São usados no preparo dos alimentos e na fritura.
O soja, canola, girassol e oliva são os mais usados nos lares, o côco na cozinha regional e o palma e palmiste na confeitaria, em doces e na fritura industrial.

Todos esses óleos são comestíveis e de alto consumo, os usados na cozinha doméstica, são encontrados nos supermercados e mercadinhos. Por razões mercadológicas devem obedecer rígidos padrões de apresentação do produto. São padronizados para serem comestíveis e completamente atóxicos e apresentados como líquidos claros e transparentes, isento de particulados, sem odor e com elevado prazo de validade.

Para se atingir essa padronização, os óleos e gorduras de origem vegetal necessitam de um processamento específico. A esse processamento dá se o nome genérico de refino.

Os óleos vegetais são extraidos de uma variedade de sementes, frutos e nozes. A preparação da matéria prima se inicia com a lavagem e limpeza, seguido pelo descasque, trituração e condicionamento.
A extração geralmente é feita por meio mecânico, sendo para frutos a destilação e para sementes e nozes, a presagem com prensa mecânica. ou pelo uso de solventes como o hexano que depois é destilado para separar do óleo e é reaproveitado.

Após a extração, para eliminar os ácidos graxos livres (FFA) que são responsáveis pela rápida deteriorização do óleo e os fosfolipídeos (goma) que deixa o óleo pegajoso, é necessário o processo propriamente dito de refino. Existem dois tipos de refino, o refino físico onde se usa a destilação (p ex. óleo de palma) e o refino químico (maioria dos óleos) onde é usado um álcali, normalmente hidróxido de sódio, para neutralizar o ácido graxo livre.

O método tradicional de refino é o químico onde o álcali diluido saponifica os ácidos graxos livres e é eliminado como sabão, na água. Além do FFA também é eliminado os fosfolipídeos, metais, produtos oxidados, etc.

No método físico é necessário uma etapa de degomagem com ácidos, fosfórico ou cítrico (p ex. palma) para eliminar os fosfolipídeos. Abaixo está um esquema bem simplificado do processo de extração com solvente e refino químico.

O óleo refinado, quando aplicável, passa por um processo de branqueamento com material de absorção (argila ou carvão ativo) e pelo processo de desodorização com fluxo de vapor. No processo final tem se o chamado óleo RDB (refinado, branqueado e desodorizado).

Todo o processo de refino dos óleos não altera a sua composição de triglicerídeos, isto é, a composição dos ácidos graxos. Deste modo as propriedades dos óleos continua a mesma e o sabão feito do óleo refinado é o mesmo, quando aplicável, p ex. oliva, ao óleo não refinado. O refino retira as impuresas contaminantes dos óleos como os FFA e os fosfolipídeos e com alguns óleos vegetais não refinados sequer é possível fazer um sabão, caso do canola e do soja e do palma.

É um dos mitos da saboaria artesanal, isso de ter problemas com o sabão feito de óleo refinado, não existe nenhuma restrição de quantidade e tipo, que afetam as propriedades do sabão. Outra lenda urbana é, no óleo cuja extração foi empregado solvente, este solvente estará presente no sabão! Outra, no refino químico se usa produtos químicos (NaOH) e essa soda estará no óleo e daí vai estragar o sabão! O absurdo é que depois é usado a soda para fazer o sabão!

Abaixo uma relação com os principais óleos e manteigas utilizados na saboaria artesanal e o tipo de processamento para a sua purificação. A numeração do processo se refere ao diagrama anterior.

Como se pode ver, em alguns óleos existe a opção do virgem e extra virgem que significa que o óleo são sofre nenhum refino, notadamente é o oliva,  e outra opção são os orgânicos, que significa que no refino não é usado produtos químicos, caso do palma orgânico. Obviamente estes tipos especiais são bem mais caros e de difícil disponibilidade.
Enfatizo novamente, não existe razão para escolher óleos virgem, extra virgem e orgânicos para fazer o sabão. Não existe diferênças entre sabão feitos com estes tipos de óleos e os comuns, refinados.

 

 

O sabão de marselha em perigo – todos lavam as mãos?

Depois dos problemas enfrentados pelo sabão de Aleppo devido ao conflito na Síria, agora o sabão de Marselha corre o risco de desaparecer!
Esta matéria foi passada pela Beth Bacchini e foi publicada em 14/12/12 no site:
http://www.laprovence.com/article/economie/le-savon-de-marseille-en-danger-tout-le-monde-sen-lave-les-mains.
Foi traduzida do francês, gentilmente, pela Paula Oliveira, de Portugal.

A maior fábrica está em liquidação judicial

A saboaria Fer à Cheval em Sainte-Marthe é um símbolo.

 

Este cubo de 300g feito desde a Idade Média, deveria ter revolucionado todo um setor econômico na Provença.

Só que, lá está, o famoso sabão de Marselha não tem ainda hoje o rótulo protegido. Nada. Nada. Pior, seu nome caiu mesmo no domínio público.

E a maioria dos produtos estampados como sabão de Marselha, não o são, já que são fabricados na Ásia. Uma conseqüência direta: uma das duas últimas grandes saboarias da região, o Fer à Cheval em Sainte-Marthe, está em liquidação judicial desde 31 de outubro. Um duro golpe para esta empresa emblemática de know-how, adquirida e depois vendida pela Henkel, que em janeiro vai perder 12 pessoas.

“No entanto, nós somos os únicos capazes de suprir o mercado com o verdadeiro sabão de Marselha, enquanto todos os outros estão roubando o nome!” diz Bernard Demeure, CEO da Compagnie des Détergents du Savon de Marseille, ou seja, da Saboaria Fer à Cheval, que ele comprou em 2003. Uma empresa que produz menos de 2.000 toneladas apesar da moda lisongear este sabão ultra natural, reivindicado por dermatologistas e fãs da ecologia.

A concorrência é feroz
E vem da Malásia e Itália. Mais cruel ainda, marcas como Petit Marseillais que dá cartas com os seus géis de banho de mel ou lavanda é um puro produto da Johnson & Johnson! Le Chat são produzidas na Alemanha pela Henkel, Chantecler na Itália … ! Basta ler a composição. Atualmente, quatro saboarias históricas defendem a tradição.

“Com o Le Serail em Cours Julien, Marius Fabre em Salon, a Savonnerie du Midi em Aygalades,  formamos uma associação para lutarmos contra os produtos falsificados!” Criaram também  a União dos Profissionais Savon de Marseille com uma carta com base em três critérios específicos: composição, modo de fabricação, origem geográfica.

De fato, La Compagnie des Détergents du Savon de Marseille fornece tanto para a La Compagnie de Provence ou os mais puros produtos, para a Licorne.

“Mas estamos em um período de observação até abril. Portanto eu tento tomar as medidas necessárias para sustentar o negócio, como a loja da fábrica. Mas estou chocado por ninguém fazer nada para o proteger. Marselha não se preocupa nem por um produto que fez a sua história, por instalações que datam do século 19. Lembrar que houve um tempo em que 30% da população ativa trabalhava diretamente ou indiretamente para a saboaria”.

Única saída também para Bernard Demeure: a Indicação Geográfica Protegida (IGP), selo oficial europeu de origem e qualidade que protege os nomes geográficos e oferece uma possibilidade de determinar a origem de um produto alimentar, quando ele obtém alguma da sua especificidade desta origem. “Esta indicação poderia ser aberta para os produtos manufaturados.

” E de resto a Savonnerie du Fer à Cheval gostaria de meter as mãos na massa em 2013.” Há dois anos que trabalhamos num projeto com a empresa Générik Vapeur para um sabão de 30 toneladas! A um mês da abertura, ainda não nos encontraram um espaço mesmo sendo o emblema da cidade e um produto que faz sonhar o mundo”. Na verdade, do que se trata é de um combate: “Se eu me quisesse desembaraçar deles, estes três hectares da fábrica há muito que se poderiam ter tranformado num supermercado”.

A sentença causa em todo o caso frio na espinha:” Se fecharmos dentro de 6 meses, isso significa que o sabão made in Marselha terá terminado. Perde-se também uma parte d a nossa história”.

Senhor Montebourg, há mais na vida do as blusas à marinheira* … Protejamos o “Genuine Marseille soap”!

Agathe Westendorp

* nota da tradução: refere-se a uma marca de blusas à marinheira  da marca Armor-Lux sobre as quais há uma polémica se são ou não feitas na França
Traduzido por Ana Paula Barreto Oliveira

 

UE estabeleceu a proibição para sempre de testes de cosméticos em animais

Traduzi esta matéria que foi publicada em 31/01/13 no site da Cruelty-Free International:
http://www.crueltyfreeinternational.org/en/a/EU-set-to-ban-animal-testing-for-cosmetics-forever-news.

The Body Shop e Cruelty Free International pioneiros da campanha, comemoram após 20 anos de militância.

Depois de mais de 20 anos de campanha, a empresa de produtos éticos de beleza, The Body Shop e a organização  sem fins lucrativos, Cruelty Free International estão finalmente comemorarando o fim de testes de cosméticos em animais na Europa, com o anúncio antecipado de que a importação e venda de produtos cosméticos testados em animais e ingredientes será proibida na UE em 11 de março de 2013.

Esta vitória inovadora significa que, a partir 11 de marco, qualquer pessoa que pretenda vender novos produtos e ingredientes cosméticos na UE não deve testá-los em animais em qualquer lugar do mundo. A proibição afeta todos os cosméticos, incluindo produtos de higiene pessoal e produtos de beleza, do sabão à pasta de dentes. A The Body Shop é uma das poucas marcas de beleza que não serão afetados pela proibição, depois de ter sido sempre contra os testes em animais.

The Body Shop e a Cruelty Free International está lançando uma série de atividades comemorativas especiais na contagem regressiva para março 11, motivados pela confirmação pessoal do Comissário Tonio Borg que a proibição deverá ir em frente, como proposto. Borg escreveu em uma carta recente aos ativistas da campanha, “eu acredito que a proibição deve entrar em vigor em Março de 2013, como o Parlamento e o Conselho já decidiram. Estou, portanto, não pretendendo propor um adiamento ou derrogação à proibição.”

A proposta de proibição envia uma mensagem forte a todo o mundo em apoio a beleza sem crueldade e em particular para países como a China, que ainda exigem testes de cosméticos em animais, para também enganjar e proibir testes em animais.

O Executivo Chefe da Cruelty Free International, Michelle Thew disse: “Este é realmente um evento histórico e culmina com mais de 20 anos de campanha. Agora vamos aplicar a nossa determinação e visão em um palco global para assegurar que o resto do mundo siga esta orientação.”

Paul McGreevy, Diretor Internacional de Valores da The Body Shop prestou homenagem aos clientes que têm apoiado a campanha da empresa contra a experimentação animal em cosméticos por muitos anos e disse: “Esta grande conquista na Europa é apenas o encerramento de um capítulo. O futuro da beleza deve estar livre de crueldade “.

Em 1991, a BUAV (fundador da Cruelty Free International) estabeleceu uma coalizão da liderânça europeia de organizações de proteção aos animal em toda a Europa (ECEAE) com o objetivo de acabar com o uso de testes de cosméticos em animais. Isto desencadeou uma campanha de alta exposição pública e política em toda a Europa ao longo de mais de 20 anos. Em 1993, a The Body Shop, a primeira empresa de beleza a tomar medidas em testes de cosméticos em animais, apoiou a campanha por conseguir o apoio de seus consumidores em toda a Europa. Três anos mais tarde, em 1996, Anita Roddick, fundadora da The Body Shop, juntou-se a membros da ECEAE e deputados na apresentação de uma petição contendo 4 milhões de assinaturas para a Comissão Europeia.

Em 2012, a BUAV estabeleceu a Cruelty Free International, a primeira organização mundial dedicada a acabar com cosméticos testados em animais em todo o mundo. A The Body Shop, juntamente com  a Cruelty Free International lançou uma nova campanha internacional, que até agora resultou em clientes de 55 países que assinaram um compromisso global de apoiar o fim dos testes de cosméticos em animais para sempre.

Cruelty Free International Chief Executive Michelle Thew estará se reunindo com o Comissário Tonio Borg na quarta-feira 30 de janeiro, em nome da Coligação Europeia para Acabar com a Experimentação Animal (ECEAE) para discutir a implementação da proibição.

 

Óleos essenciais fotosensíveis

Alguns óleos essenciais, notadamente os cítricos, são fotosensíveis ou fototóxicos. Estes óleos essenciais em contato com o UV da luz do sol podem provocar danos à pele na forma de queimaduras cujas sequelas podem vir a ser difíceis de eliminar. O componente responsável pela ação fotoquímica são os compostos derivados do furano. 

Existe uma classificação do potencial de fotosensibilidade que é medida pelo tempo após a aplicação que pode ser exposto ao sol sem ter fotoreatividade. Por exemplo, o Lima tem que aguardar 72 horas, enquanto o Tangerina, 24 horas. De qualquer modo não acho seguro este tipo de informação, o melhor é evitar o uso. Também tem outra nuância, alguns cítricos quando destilados da casca não são fotosensíveis, e quando extraidos por cold press, são. O melhor é ser conservador e procurar não usar esses óleos essenciais em produtos em contato com a pele e que fiquem diretamente expostos ao sol.

Na foto está uma severa queimadura provocada pelo suco do limão. Decerto estava preparando uma limonada ou … uma caipirinha! Não lavou as mãos e expôs ao sol!