Análise de fórmulas de sabão livres de palma

Tem sido comentado no grupo Saboaria, de Portugal, as questões relevantes dos impactos negativos do cultivo e extração do óleo de palma, feitos de modo não sustentável, socialmente incorretos,  pelos maiores produtores mundiais, a Indonésia e a Malásia.
Já tinha comentado esta questão no post – “O óleo de palma pode ser sustentável?”: http://www.japudo.com.br/2013/01/01/o-oleo-de-palma-pode-ser-sustentavel/.

As pessoas mais enganjadas querem banir o uso do óleo de palma no sabão artesanal e para tanto, buscam formulações alternativas que não contenham o palma. É perfeitamente possível fazer uma formulação sem palma, lembrando que o palma é rico em ácido palmítico e um pouco de ácido esteárico que são os ácidos saturados que conferem ao sabão a dureza necessária. A regra então, é buscar óleos e manteigas que são ricos em palmítico e esteáricos. Não existe muita opções e normalmente são caros comparados ao palma. São eles, a manteiga de cacau, a manteiga de karité e o óleo de arroz.

A Ana Caseiro Duarte Costa do grupo Saboaria postou um link do site da saboeira Amanda Griffin, onde ela explica muito bem a questão do palma e também apresenta cinco alternativas de formulação livre de palma.

Fiquei curioso de saber qual seria o impacto nos custos da substituição do palma por essas matéria primas mais caras.

Entrei em contato com a Amanda Griffin e ela, gentilmente, me deu a permissão de publicar estas fórmulas aqui no site.

O site da Amanda é:

http://www.lovinsoap.com/2012/06/palm-free-recipes-day-1/#comment-3816

Fiz a análise e o resultado mostra um grande impacto nos custos. Chega a quase dobrar os custo e na melhor das alternativas, o aumento no custo é de 57%.

Este mesma análise fiz para as condições de Portugal e também há um impacto forte de modo geral.

A nossa sorte é que, o Brasil é o 7º produtor de óleo de palma e diferente dos gigantes da Ásia, nossa produção é feita de modo sustentável e responsável, graças a um trabalho sério feito pela maior empresa sediada no estado do Pará.

Se alguém quiser o trabalho completo que está numa planilha, por favor, entre em contato.

9 ideias sobre “Análise de fórmulas de sabão livres de palma

  1. Acho Roberto, que tem tudo a ver com o preço que as pessoas estão dispostas a pagar, e qual o real preço das coisas. Um problema muito actual é que “as pessoas sabem o preço de tudo, e o valor de nada”. Muitas pessoas começam a fazer e a utilizar sabões artesanais, porque querem fugir aos químicos que são “impostos” pelas grandes marcas de supermercado, que usam esses produtos químicos exatamente para cortar no preço da produção. Alguns dos consumidores estão dispostos a ir mais além por um bem maior e pagar por um produto que seja mais isento de crueldade. É como se fosse um condomínio da alma. Claro que isto aplica-se a tudo, por exemplo: são poucas as pessoas que estão dispostas a pagar mais dinheiro por uma barra de chocolate de comércio justo, em detrimento de uma outra que foi concebida com o custo da escravidão de crianças que são vendidas aos donos das plantações por pais que vivem em pobreza. Se há pessoas, que não se condoem da realidade cruel de um conspecífico, e preferem pagar menos por um chocolate, menos se vão condoer pela desflorestação maciça, e a futura extinção das espécies que dependem daqueles habitats.
    Já há algum tempo que tinha visto essas receitas, e também já tinha estudado os preços. É verdade que o óleo de palma dá muito jeito, mas será que para termos uma barra de sabão “mais dura” vale a pena contribuir para a desflorestação de áreas maciças de floresta? Há uma outra saboeira no fórum, a Florbela Graça, que tem uma receita base que exclui o óleo de palma e faz há mesma uns sabões excelentes e com boa espuma. Estas receitas dela: http://artesdesuntria.blogspot.pt/2010/11/duas-receitas-basicas-de-sabao-natural.html, ficam bem em conta.

    • Olá Leila!
      É importante ter pessoas como vc, se tivessem mais, o mundo estaria bem melhor. Admiro e respeito o seu modo de pensar, a sua opinião.
      Esta questão do palma de muito se tem falado e discutido do mal que tem feito socialmente e ecologicamente. Os grandes produtores tem feito isso de modo insusténtável e a sociedade esclarecida tem se mobilizado contra esta situação. Aqui no Brasil, que é um pequeno produtor de palma, se não me engano o sétimo produtor, a empresa líder estabelecida na região amazônica, no estado do Pará, tem feito de um modo diferente, um modo sustentável de cultivo e extração do palma.Os produtos são orgânicos certificados e tb kosher e são os únicos produtos do palma disponíveis no mercado para o uso na saboaria artesanal.

      Esta refêrencia de dois sabões que vc mencionou, permita-me discordar da qualidade dos sabões produzidos com estas formulações. São sabões de pouca qualidade comparado a um básico que contenha palma. Dentro dos parâmetro que se medem a qualidade, somente tem bom condicionamento, não faz espuma, não tem dureza, não limpa e não tem cremosidade.
      Aqui lembro do prof. Genichi Taguchi, foi um dos grandes gurus da qualidade, ele costumava dizer que a “qualidade de um produto é medida pelo menos mal que faz para a sociedade”, isto é, a função perda para a sociedade. Este caso se aplica para as duas formulações. Este sabão traz perdas para a sociedade, gasta muito rápido (exauri as matérias primas usadas mais rapidamente) e não limpa bem (gasta mais água e mais energia).

      sabão 1 sabão 2
      dureza (29-54) 30 29
      Limpeza (12-22) 13 13
      Condicionamento(44-69) 64 64
      Espuma (14-46) 13 13
      Cremosidade (16-48) 16 15

      É possível fazer bom sabão sem usar o palma, como visto no post. Mas não é um simples sabão que possa substituir a ausência do palma, mantendo a mesma performance.

  2. Oi Roberto! Estou começando na saboaria e achei muito bom seu site, gostei da sua visão crítica e ponderada e da profundidade e variedade dos tópicos abordados. Fiquei curioso com o que você citou no final, sobre um trabalho sério da maior empresa sediada no Pará a respeito da sustentabilidade da palma.
    Abraços!

  3. Olá Roberto! Agradeço por pessoas como você que dividem suas experiências. Gosto muito de trabalhar com artesanato e a ideia do sabonete está me deixando muito empolgada. Comecei com o cold agora, fiz duas receitas: oleo de oliva, palma, coco e canola; e oleo de oliva, palma, coco, mamona e manteiga de cacau. Mas as duas misturas ficaram muito escuras, amarelas. Dilui o dióxido de titânio no azeite de oliva, mas mesmo assim o sabonete não ficou branco. Ficou super amarelo vivo. Coloquei mais direto mas não adiantou. Fiz pequenas quantidades para teste, de até 400g no final, mas as duas estão amarelas. O oleo de oliva e o palma são bem escuros, amarelo e marrom, comprei na casa do saboeiro o últImo. Será a qualidade do óleo ou algo que estou fazendo errado. Perguntei a outras pessoas que dizem que depois clareia, mas já passaram 24horas e está amarelo ainda. E o problema é que se mistura outra coisa, como a argila, dai altera a cor desejada no final.
    Todas as receitas que vejo na internet, logo quando se mistura os oleos e a soda, já começa a ficar claro, um bege bem clarinho e com o dióxido fica bem mais clarinho.
    Poderia me ajudar?
    Obrigada!!!

  4. Olá Roberto! Agradeço por pessoas como você que dividem suas experiências. Gosto muito de trabalhar com artesanato e a ideia do sabonete está me deixando muito empolgada. Comecei com o cold agora, fiz duas receitas: oleo de oliva, palma, coco e canola; e oleo de oliva, palma, coco, mamona e manteiga de cacau. Mas as duas misturas ficaram muito escuras, amarelas. Dilui o dióxido de titânio no azeite de oliva, mas mesmo assim o sabonete não ficou branco. Ficou super amarelo vivo. Coloquei mais direto mas não adiantou. Fiz pequenas quantidades para teste, de até 400g no final, mas as duas estão amarelas. O oleo de oliva e o palma são bem escuros, amarelo e marrom, comprei na casa do saboeiro o últImo. Será a qualidade do óleo ou algo que estou fazendo errado. Perguntei a outras pessoas que dizem que depois clareia, mas já passaram 24horas e está amarelo ainda. E o problema é que se mistura outra coisa, como a argila, dai altera a cor desejada no final.
    Todas as receitas que vejo na internet, logo quando se mistura os oleos e a soda, já começa a ficar claro, um bege bem clarinho e com o dióxido fica bem mais clarinho.

    Poderia me ajudar?
    Obrigada!!!
    Ruane

    • Ruane,
      Fica difícil sem ver o que vc chama de amarelo, escuro.
      A cor normal do sabão é de bege claro ao bege médio, usando os óleos normais.
      O oliva tem cor escura e ele que dá a tonalidade predominante. O Palma não deveria ser tão escuro como vc descreveu.
      Para clarear e deixar mais branco tem que usar o dióxido de titânico, quem sabe vc usou pouca quantidade

      • Olá, fiz meu primeiro sabão em meados de março e os óleos, tanto o de Palmiste quanto o de Palma, são bem escuros, laranja bem forte. Eu os comprei por uma empresa chamada Amazon oil. Achei um tanto estranho e diferente, tendo em vista q no curso que fiz, os óleos eram mais consistentes, como uma manteiga. Então, comprei os da Agropalma, pela Império do Banho, e vieram do jeitinho que realmente eu queria. Tente mudar de fornecedor. O meu primeiro lote ainda está na cura, ficou bem laranja.